Débora Rubin
São Paulo – O Brasil está querendo mostrar a sua batucada. Se aqui é o país da música, por que não exportá-la? Foi pensando nisso que surgiu o projeto Música do Brasil, que reúne associações de profissionais da música e órgãos do governo como a Agência de Promoção de Exportações e Investimentos do Brasil (Apex). A idéia é unir esforços para exportar a música brasileira em todos os seus aspectos: do licenciamento das músicas até os shows. Com um ano de vida, o projeto já comemora os frutos colhidos.
Segundo Michel Nicolau, coordenador do Projeto Música do Brasil, as ações realizadas no primeiro ano já renderam US$ 2,6 milhões. O projeto se baseia em cinco frentes de atuação. A mais importante delas é a participação nas feiras internacionais de música. Neste primeiro ano de vida, foram três eventos como estes. Um na França, outro na Inglaterra e um terceiro na Alemanha. No total, 30 selos fonográficos brasileiros participaram dessas ações.
Este ano, serão pelos menos mais três feiras, sendo uma delas, a Popkomm, em Berlim, estratégica para o projeto. “Seremos o tema da feira este ano. Teremos um espaço de 240 metros quadrados, 23 shows e mais três conferências sobre a música nacional”, explica Nicolau. Para se ter uma dimensão da importância do evento, segundo o coordenador do projeto, 80% dos músicos que se apresentam na Popkomm saem com contratos assinados. “A previsão é que após a feira, o rendimento do projeto chegue a US$ 3 milhões”, diz ele. A Popkomm está prevista para setembro.
Outra iniciativa do projeto são as turnês internacionais. Em junho do ano ado, nove artistas fizeram um tour pela Europa. Entre eles, Yamandú Costa, Robertinho Silva e Armandinho. A terceira frente de atuação é o site do projeto, onde há estudos de mercados internacionais e até um manual do exportador. Em breve, o portal vai ganhar uma versão em inglês. Por fim, o Música do Brasil também orienta gravadoras e músicos com cursos técnicos de capacitação e exportação.
Onde a música brasileira ainda não tem forte penetração, como nos países árabes, o Música do Brasil aproveita as missões governamentais para promover alguns shows. “Para exportar música, não adianta apenas mandar CDs e DVDs. É preciso mostrar a cara do artista”, explica o coordenador do projeto.
Para organizações como a ABMI, Associação Brasileira de Músicos Independentes, que reúne 107 pequenas gravadoras, o Música do Brasil facilita todo o trâmite legal da venda de músicas para fora. E, claro, ajuda a mostrar quem está por trás do gingado brasileiro.